Área de identificação
Código de Referência:CAAL
Título:Alceu Amoroso Lima
Data(s):1951 – 1970 
Nível de Descrição:Coleção
Dimensão e suporte:Documentos textuais
Cartas: 4782 (primeiro lote) + 1,20mts lineares não contabilizados (segundo lote)

Área de contextualização
Nome(s) do(s) produtor(es):Lima, Alceu Amoroso; Outras formas – Tristão de Ataíde 
História administrativa / biografia:Alceu Amoroso Lima nasceu em 11 de dezembro de 1893, no Rio de Janeiro. Filho de Manuel José de Amoroso Lima (industrial) e Camila da Silva Amoroso Lima (dona de casa). Teve seus primeiros estudos em casa, tendo como professor o educador João Köpke. O ensino secundário realizou no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Logo após, em 1909, ingressou na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro. Durante seus estudos, passou a dirigir a revista A Época, periódico estudantil desta faculdade.
Formou-se advogado em 1913 e viajou para a Europa, onde fez cursos na Sorbonne e no College de France, ambos em Paris. Neste período em que esteve na Europa, estabeleceu contatos com Graça Aranha.
Retornou ao Brasil em 1914 e, em 1917, passou a se dedicar ao projeto de assumir a carreira diplomática. Tornou-se, então, adido ao Itamarati, dirigido pelo então Ministro de Relações Exteriores, Lauro Müller. Decepcionado com a carreira, em 1918 deixou o cargo para assumir a direção jurídica da empresa de seu pai, a Fábrica de Tecidos Cometa.
Em 1919 foi convidado por Renato Lopes a escrever a coluna de crítica literária em O Jornal, novo órgão de imprensa planejado por ele. Passou a assinar a coluna “Bibliografia” deste jornal. Neste momento, Alceu passa a utilizar seu pseudônimo, Tristão de Ataíde, com o objetivo de ocultar sua identidade, de modo que não fosse possível relacionar as críticas escritas por ele à imagem de um industrial.
Assinou esta coluna até 1924, quando passa a se corresponder com Jackson de Figueiredo, um líder católico responsável pela fundação do Centro Dom Vital. A partir daí passou a se dedicar ao catolicismo e, em 1928, declarou sua fé e sua conversão diante do padre Leonel França. Ao final deste mesmo ano, com a morte de Jackson de Figueiredo, Alceu assume a direção do Centro Dom Vital e cria a revista A Ordem. Neste momento Alceu assume um posicionamento conservador, apartando-se da posição liberal que sempre defendera.
Neste período volta a assinar uma coluna em O Jornal, mas substitui a crítica literária por temas religiosos, filosóficos, sociológicos, econômicos e políticos. Em 1929 assume a direção da Coligação Católica Brasileira. Com a implantação do Governo Provisório, Alceu, por meio das instituições que dirigia, não manifestou contrariedade ao novo sistema, em decorrência dos privilégios oferecidos por Getúlio Vargas à Igreja Católica.
Com a agenda da Assembleia Nacional Constituinte para 1933, Alceu, junto com outros lideres católicos, funda em 1932 a Liga Eleitoral Católica (LEC), de modo a pressionar os líderes políticos em relação às questões da igreja. A partir dos ideais defendidos pela LEC, Plínio Salgado passa a se corresponder com Alceu na perspectiva de conseguir o apoio dos católicos para a Ação Integralista Brasileira (AIB). Apesar dos pensamentos comuns, Alceu defende que a LEC não deve se filiar a qualquer partido.
Ainda em 1932 passa a se dedicar à academia, quando começa a lecionar no Instituto Católico de Estudos Superiores as disciplinas de sociologia e doutrina social da Igreja.
Em 1935 criou a Ação Católica Brasileira (ACB), ao lado de dom Sebastião Leme.
Neste mesmo ano assume a cadeira de nº 40 na Academia Brasileira de Letras e torna-se membro do Conselho Nacional de Educação.
Alceu, por meio da ACB, dedicou-se a promover ações contra a Aliança Nacional Libertadora (ANL), enquanto assumia cada vez mais uma posição conservadora, ortodoxa e fundamentalista.
Em 1937 assume a reitoria da Universidade do Distrito Federal (UDF), em substituição a Afonso Pena Júnior, e a cátedra de sociologia da mesma universidade. Deixa estes cargos em 1938, quando passa a lecionar sociologia na Faculdade de Serviço Social do Instituto de Educação Familiar e Social.
A partir de 1940 passa a rever seus princípios, reconfigura o Centro Dom Vital, que ainda dirige, conferindo à instituição um caráter mais liberal, com base nas ideias de Jacques Maritain.
Em 1941 torna-se catedrático de literatura brasileira na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil e também passa a ocupar a cadeira da mesma disciplina na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), instituição que auxiliou a criar em parceria com dom Sebastião Leme e padre Leonel França, em 1940.
Em 1945 deixa a direção da ACB. Em 1947 assume a coluna “Letras Universais”, no jornal Diário de Notícias, a convite de Orlando Dantas. Esta coluna era transcrita nos jornais Folha da Manhã, de São Paulo; O Diário, de Belo Horizonte; A Tribuna, de Recife; Correio do Povo, de Porto Alegre; e Diário Ilustrado, de Lisboa.
Em 1949 viaja para Paris, onde estabelece relações acadêmicas com a Sorbonne. Em 1950 muda-se para os Estados Unidos e passa a dirigir o Departamento Cultural da União Pan-Americana, órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA). Passa a representar a OEA em diversas reuniões mundiais, como a IX Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em 1952, em Paris, onde faz o lançamento de Panorama, revista cultural interamericana.
Retorna ao Brasil em 1953 e reassume as funções que havia deixado, como a direção do Centro Dom Vital e a coluna no Diário de Notícias. Em 1958, a convite de Odilo Costa Filho, passa a colaborar no Jornal do Brasil e na Folha de S. Paulo.
Sua influência dentro da igreja Católica aumenta quando, em 1960, participa, em Roma, do Concílio Vaticano II, como membro da delegação brasileira.
Quando da implantação do militarismo no Brasil, os princípios revistos de Alceu o fazem se posicionar contrário ao governo e à repressão. Em 1965, Alceu é responsável por congrega um grupo de intelectuais com o propósito de lançar um manifesto da categoria contra o Ato Institucional nº 2 (AI-2).
Deixa a direção do Centro Dom Vital em 1966, sem se desvincular da instituição e ainda menos do catolicismo. Em 1967 é nomeado pelo papa Paulo VI membro da Comissão de Justiça e Paz, em Roma. No mesmo ano passa a integrar a Academia de Ciências Morais e Políticas, em Paris.
Após o AI-5, Alceu se posiciona duramente contrário ao regime ditatorial. Continua com suas colunas em Folha de S. Paulo e Jornal do Brasil. A influência que construiu ao longo de sua trajetória lhe confere um status de invulnerabilidade. Suas colunas nestes jornais não são censuradas e suas críticas ao regime são veiculadas livremente.
Aos poucos vai se desvinculando de todos os cargos que assumiu.
Alceu faleceu em 14 de agosto de 1983, na cidade de Petrópolis.
História arquivística:Informação não disponível.
Procedência:Em maio de 2012, as cartas foram doadas ao Cedap por Carlos Eduardo Affonso Ferreira, neto de Alceu Amoroso Lima. 

Área de conteúdo e estrutura
Âmbito e conteúdo:O acervo é composto por mais de 4 mil cartas enviadas pelo imortal da Academia Brasileira de Letras Alceu Amoroso Lima (1893-1983), conhecido pelo pseudônimo literário Tristão de Ataíde, à sua filha Madre Maria Teresa, quando de sua permanência na Abadia de Santa Maria em São Paulo, entre 1951 e 1970.
Sistema de Arranjo:Parte dos documentos da coleção está ordenada cronologicamente (primeiro lote). A segunda parte da documentação encontra-se em fase de tratamento.

Área de condições de acesso e uso
Condições de acesso:Sem restrição.
Condições de reprodução:Com autorização.De acordo com as leis de proteção aos direitos autorais.
Idioma:Português.
Instrumentos de pesquisa:Relação das cartas.

Área de fontes relacionadas
Unidades de descrição relacionadas:Documentos custodiados pelo Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade – CAALL, em Petrópolis – RJ.

Área de notas
Notas sobre conservação:Documentos em bom estado de conservação.

Área de controle da descrição
Nota do arquivista:Descrição realizada por Karina Anhezini de Araújo
Referências: ACADEMIA Brasileira de Letras (ABL). Alceu Amoroso Lima (Pseud. Tristão de Ataíde). Disponível em:<http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=359>, acesso em: 07 out. 2014. 
FERREIRA, Marieta de Morais. LIMA, Alceu Amoroso. In: ABREU, Alzira Alves de, et al. Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro – Pós 1930. vol. 3, Rio de Janeiro: Editora FGV:CPDOC, 2001, p. 3129-3132. 
NÚCLEO de Memória da PUC-Rio. Cronologia: Anos 1940 e antes da PUC. Disponível em: <http://nucleodememoria.vrac.puc-rio.br/site/>, acesso em: 07 out. 2014.
Regras ou convenções:BRASIL. Conselho Nacional de Arquivos. NOBRADE: Norma Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006.
Data(s) da(s) descrição(ões):2013.